IMAGENS SAGRADAS PODEM SERVIR COMO LIVRO PARA IGNORANTES?

por Vivius Silva Pimentel As discussões dos últimos dias sobre a suposta validade de "imagens pedagógicas" de Cristo me levaram a reler o capítulo 11 do primeiro livro das Institutas. Trata-se dum capítulo em que se apresenta com especial clareza não apenas a sabedoria de Calvino, mas também a sua (nem sempre tão) fina ironia. A certa altura, ao discutir o argumento de que imagens são "livros para indoutos", Calvino sai com esta tirada cavalar: "Há uma simples razão pela qual aqueles que têm igrejas a seu encargo entregam o ofício do ensino aos ídolos: é porque eles próprios são burros". A grosseria talvez seja desnecessária, mas o argumento que a precede é bíblico e valioso: tudo o que as imagens nos ensinam a respeito de Deus é necessariamente "fútil e falso". O madeiro é "ensino de vaidade", diz Jeremias (10.8), e a imagem de fundição apenas "ensina mentira", diz Habacuque (2.18). Fazer representações vis...